O pintor greco-italiano Giorgio de Chirico talvez esteja entre os pouco que, em obras artísticas, souberam captar o pensamento de Nietzsche (pronuncia-se Nitche).
Remetendo a analogia para a pintura Flaming June,
de Lord Frederick Leighton, feita em 1895, ouso afirmar que ele nas imagens,
Mara Senna nos signos, souberam entender, incorporar e expressar um final de
tarde em toda a sua amplitude.
Poemas da autora, versando sobre o final de
tarde, conversam intimamente com a "Flaming June" da ilustração da capa. Uma
escolha brilhante, por sinal. Mas esse diálogo se dá com um outro toque, outro
talento, uma dose de múltipla sensibilidade.
Com um jeito manso e ardente de
escrever, uma suavidade íntima incomum, a autora adquire um salvo-contudo para
avançar pelo emocional do leitor, fazendo-o, a exemplo da jovem da capa,
dirigir um olhar atento interiormente. E o faz com uma sutileza impecável.
No
seu poema As Tardes, página 9, há um verso assim: ”...As tardes são
dormentes...”. Esse verso dialoga com da ilustração da capa na qual aparece a
figura feminina num estado de aparente dormência. O traje é da cor da tarde
(poente).
Chamaram-me a atenção alguns detalhes: na capa, a posição do pé direito da
figura feminina, posição de quem vai dar um passo, partir. Representaria a tarde mergulhando
num estado de dormência? Acredito que sim.
O último detalhe (claro, existem mais) é a cor do
vestido da autora no dia do lançamento: vestiu-se, sem nenhum sotaque, com a
cor do final de tarde. Lindíssimo o livro, a exemplo de um sol ardente de
junho.
(Augusto Aguiar)
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mara.senna06@gmail.com
Mara
Lucia Senna Oliveira Vieira nasceu em 06 de maio de 1963 em Araxá, Minas
Gerais. Vive em Ribeirão Preto, São Paulo, desde 1980. É graduada em Odontologia
e Mestre em Periodontia pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto –
USP. Exerceu a clínica odontológica por vinte e cinco anos e a docência
universitária por quinze anos.
Foi
poeta de gaveta até 2009 quando publicou seu primeiro livro, Luas Novas
e Antigas.
A
partir de então, passou a se dedicar mais intensamente à literatura, em
especial à poesia. Participou das antologias poéticas: Frutos da Terra
– Expressões Culturais de Ribeirão Preto(2009), Ave, Palavra! (2009), 10º.
Concurso de Poesias da Universidade Federal de São João Del-Rei MG (2010), Prêmio SESC de Poesia Carlos Drummond de Andrade –
edições 2009, 2010 e 2011. Recebeu
as seguintes premiações: primeiro lugar no I Concurso
Literário de Crônicas da Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto – ALARP
(2009), terceiro lugar no II Concurso de Crônicas da
ALARP (2010) e Menção Honrosa no Concurso Nacional de Poesias
Helena Kolody (2010), no Paraná.
Seu
segundo livro de poemas, Ensaios da Tarde, foi publicado
recentemente (maio de 2012).
É filiada à União Brasileira dos
Escritores (UBE).
(Dados biográficos: Clube de Regatas Ribeirão Preto)
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