quinta-feira, 2 de maio de 2013

Bailes Inesquecíveis

Bailes aos sábados. Depois dos bailes, deixávamos as amigas em suas casas. Ou melhor, perto das suas casas.
Em seguida, antes do nascer do sol, íamos roubar pães nas varandas e comê-los no banco da praça: rindo, cantando, brincando.
Nessas ocasiões, meus amigos e eu conversávamos com os bustos, estátuas e hermas das praças. Nesses diálogos, demonstrávamos uma coragem que as personagens nunca se depararam.
Diante da herma (tipo de busto) do Barão do Rio Branco, por exemplo.
-Este é o Juca. – gritava o Joaquim.
-Todos riam, rolavam na grama e acrescentavam:
-Que nada, esse é o José Maria Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco.
-Ele mesmo – esclarece Joaquim – mas em família e no círculo de amizades era chamado de Juca. Ou então, Paranhos Júnior.
Joaquim fazia micagens para a turma. Mais risadas.
-É o símbolo da diplomacia brasileira. Seu pai foi o Visconde do Rio Branco. – acrescentou.
-Contrariando a vontade do pai e do Imperador, não foi ele que se casou com uma atriz belga ? – perguntou alguém do grupo.
-Sim, foi sim. – respondeu.
-Em seguida, segurou as bochechas do Barão, apertou-as como se fossem flácidas, e disse:
-Fez bem, Barão.
Todos riram novamente, bateram palmas e carregaram Joaquim nos ombros.
Lá na frente, a vida nos esperava com mais seriedade.
Nunca mais roubei um pãozinho, mesmo indo a muitos bailes. E nunca achei ruim, quando, anos mais tarde, os rapazes, depois dos bailes, roubavam os pães da minha varanda.



*Esta matéria, por uma deferência especial, está sendo publicada no site:
www.stilocidade.webnode.com






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