Tenho um fetiche que é definido na teoria
de Marx, não na de Freud. Qual ? É um fetiche
literário (livros) que realizo sempre: ando de cócoras (agachado) nas
livrarias, revirando os livros que ficam sobre a plataforma da prateleira rente ao chão. Ali,
exatamente ali, estão as raridades. Algumas, devido ao tema ou por não serem de
autores em evidência, em menor quantidade; outras, pelo longo tempo
da data do lançamento, a maioria.
Nas
livrarias em que não sou conhecido, creio que os vendedores cochicham:
-Aquele
cabeça branca deve estar querendo afanar algum livro.
Suposição exagerada
a minha; o pessoal de livrarias conhece o perfil do cliente.
E foi
justamente de cócoras, em 1994, quando fiz 41 anos, que Rubem Alves e eu nos conhecemos.
Comprei o livro “O Enigma da Religião”, de sua autoria, 3ª edição, 1984,
Editora Papirus.
Durante a
leitura, quando abordou a “morte de Deus” em Feuerbach, Marx, Freud e
Nietzsche, precisei de alguns dias para me recompor. Depois, aos poucos, a
coisa foi ficando mais clara. Enfim, Rubem Alves escreveu na condição de
teólogo, sua formação inicial.
Psicanalista,
educador, ex-professor de Filosofia, quebrador de ídolos, criador da expressão
Teologia da Libertação, o escritor deixa
obras em vários gêneros, inclusive no infantil. Fã de Mia Couto e Gabriel Garcia
Marques, afirmou que, como escritor, não conseguiu alcançá-los. Certa vez,
disse: “Sinto sempre tesão por escrever. Fernando Pessoa sofria da mesma coisa.
Escreveu: ‘Sinto uma ereção na alma’ “.
A meu ver, sem engajamento nem exclusão da
minha parte, Leonardo Boff é um dos que, entre outros, pode definir melhor Rubem Alves.
Parte do conteúdo textual deste Blog integra o livro Mosaico Literário: Poesias e Crônicas, de Augusto Aguiar, registrado na Agência Brasileira do ISBN (International Standard Book Number) - Ministério da Cultura - Fundação Biblioteca Nacional, sob número 978-85-63853-54-7.
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