
Ela é pluralíssima: musa da convivência pública,
tribuna das miudezas e grandezas da vida, boateira, sussurrante, investigativa,
fecunda ao elencar fatos passados, presentes e projetar os do futuro. Um balcão de ideias, palco de
embates, pactos e rupturas.
Enfim, um condomínio sem guarita cuja síndica
chama-se “Conversa”.
No dia do óbito, os
“falecidos” passam por lá e, logo cedo, muitas pessoas começam a vê-los.
Como? Lendo as tabuletas fixadas pelas funerárias nas paredes externas dos
Cafés. Certa ocasião, em trânsito pelo local, esbarro no agente funerário. “No
seu falecimento, vou inovar. O anúncio será em placas digitais”. – diz. E dá
gargalhadas. Assustado, exclamo em italiano, língua da ascendência
dele: -Mio “Angelo” custode! Tradução: meu Anjo da Guarda! Em seguida, olho
para a torre da Matriz, faço o sinal da cruz e dou no pé.
Por lá, como se vê, acontece
cada coisa. Nos anos sessentas, a existência da Esquina do Pecado chega ao
Vaticano. Apesar disso, por aqui, há anos os religiosos se mobilizam e adotam
ações preventivas. O Altar-Mor e o do Sacrário da Matriz são idealizados em
sentido oposto à famosa esquina; assim, as imagens ficam de costas para ela. Na
praça, a estátua do Monsenhor Aristides está numa posição em que o olhar
não se dirige para a “nossa personagem”; a do cônego Pedro Paulo
Scannavino segue o mesmo ritual. A do padre Anchieta, muito antes, provoca um
blá-blá-blá lascado. Projetada para a mesma praça, alguém sugere que fique com
as costas voltadas para a “Esquina”. Assim mesmo, Anchieta recusa: - Não fico, não fico, de jeito nenhum. Opta pela Praça
Valêncio de Barros, conhecida como Jardim Misterioso, em
frente à prefeitura. Prefere os mistérios do Jardim Misterioso ao barulho social da Esquina do
Pecado.
Registrada na Agência Brasileira do ISBN (International Standard Book Number) Ministério da Cultura - Fundação Biblioteca Nacional, sob número 978-85-63853-54-7.
Crédito
das Imagens: Ricardo Costa- Bebedouro em Foco e jornalista Sílvia Coelho.
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