segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Retratos 3 x 4

"Se pudesse visitar o passado, muita coisa faria igual; outras, de um jeito diferente. Algumas, nunca as faria. Mas vem cá: aí tudo ficaria muito certinho, sem medo, sem aquele sabor de aventura, perigo, ousadia. Enfim, com gosto de nada fora do lugar... Não seria legal, por exemplo, revestir as recordações das casas onde morei com as tendências atuais, estilo futurista, pintadas de um jeito bacana, ar condicionado, sauna etc.
Se fizesse isso, entraria em alguma casa errada lá no meu passado. Não acharia os retratos três por quatro que ganhei, tampouco os que me devolveram. Eu não devolvia, achava indelicadeza. Excepcionalmente, devolvia aqueles que o irmão mais velho da menina ia buscar.

Mas ainda procuro aquele retrato que foi amassado, rasgado, picado, jogado sobre mim como confete. Nem a força da minha memória o reconstitui. Ele não tem restauração. O pior é que eu só tinha aquele.
A moça era brava. Tudo isso aconteceu porque disse a ela que sabia abrir segredos de cofres. Para dar um exemplo, comecei mexer no segredo do fecho do sutiã dela. Você conseguiria abrir sem dificuldade o segredo de dez cofres, mas aquilo lá, não. Perdi o meu retrato. Perdi a namorada. Anos depois, casou grávida. Sinal dos tempos".
P.S. O que está escrito acima, trata-se do trecho de um e-mail que um amigo de adolescência me enviou. Nele, relembra as suas experiências amorosas da juventude.

Texto registrado na Agência Brasileira do ISBN (International Standard Book Number) Ministério da Cultura - Fundação Biblioteca Nacional, sob número 978-85-63853-54-7. 
Imagem: Google

Um comentário:

  1. São fases da vida . Eu também sempre tive muita afetividade com os paqueras e guardava não só as fotografias 3x4 como também alguns cartões de visitas que,ainda hoje , olho com carinho às recordações do tempo. Um abraço . Augusto ;)

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