sábado, 2 de fevereiro de 2019

Meu delírio pela maçã

Deixei de saborear incontáveis maçãs. Algumas, não sei por quê? Outras, porque havia outro fruto à disposição. Várias delas porque não tive tempo. Mas, hoje, tenho uma vontade imensa de comer uma maçã. Daquelas robustas (chegam a ter formas voluptuosas) que veem embrulhadas com o delicado papel azul.
Quando tenho uma ao meu alcance, acaricio-a pelo olfato, do mesmo jeito que se faz para seguir, através da pele, o trajeto da fragrância de uma mulher discretamente cheirosa.

Pois é, nunca mais poderei comer uma maçã. E as papilas da língua gritam para o olfato: "Manda pra cá, manda pra cá. O negócio dela é aqui."
A maçã anula o efeito da remédio da rejeição que todos os transplantados são obrigados a usar. E aí, as coisas tomariam outros caminhos. Na pior das hipóteses, posso sentir seu delicioso, discreto e irrecusável aroma. E tocá-la. E não esquecê-la. E, pelo menos, viver com ela um amor platônico.

Registrado na Agência Brasileira do ISBN (International Standard Book Number) - Ministério da Cultura - Fundação Biblioteca Nacional, sob número 978-85-63853-54-7.
Crédito da Imagem: Google

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