domingo, 25 de setembro de 2011

Pablo Neruda, Jorge Amado e Zélia Gattai



Zélia Gattai tomou conhecimento da existência de Pablo Neruda em 1936/1937. Nunca poderia imaginar que um dia viesse tornar-se sua amiga, tê-lo como compadre. Conheceu-o pessoalmente em 1945, em São Paulo. Ao mesmo tempo que Jorge Amado (seu futuro esposo),outra figura que ela admirava à distância, por meio dos seus livros.
Durante os dias que Neruda passou em São Paulo, estiveram juntos algumas vezes e ele pôde assistir o início do namoro de Zélia e Jorge Amado.
O poeta chileno presenciou uma cena romântica que o impressionou muito e que jamais esqueceu. Num táxi iam, Pablo e Délia del Carril, sua mulher, Jorge e Zélia (ainda namorados)..
Ao passarem por um mercadinho de flores, Jorge Amado pediu ao chofer que parasse. Saltou, comprou uma braçada de cravos vermelhos, abriu a porta traseira e cobriu Zélia, dos pés à cabeça com as flores banhadas de orvalho.
Impressionado com tal manifestação de amor, até o fim de sua vida, Neruda, sempre ao encontrar-se com Zélia, dizia:“Los clavetes em la madrugada, comadre”.
Comadre foi um título verdadeiro que  foi dado a ela em outra viagem de Pablo ao Brasil. Em 1947, já casados, Jorge e Zélia moravam no Rio de Janeiro. Jorge fora eleito deputado federal. Um festival de poesias, no Rio, trazia poetas de todas as partes, Ela deu à luz na hora em que Jorge, no festival, fazia a apresentação do poeta cubano, Nicolás Guillén.
No dia seguinte ela recebeu a visita do poeta Nicolas Guillén que, em seguida declarou: “Vou ser padrinho de João”. Dias depois chegou Pablo Neruda. Os dois poetas encontraram-se na casa de Jorge e Zélia e, com um sorriso maroto de quem chegou primeiro, Guillém anunciou: “Vou ser o padrinho de João”. Pablo Neruda nem se abalou: “Pois eu vou ser a madrinha”. E foi assim que ela conquistou dois compadres de vez.
Em 1951, quando o casal brasileiro vivia na então Tchecoslováquia, outra gravidez. Ao dar à luz a Paloma, Pablo e Nicolas estavam presentes, mas desta vez Pablo foi esperto, adiantou-se:”Vou ser o padrinho de Paloma”. Nicolas Guillén não se deu por vencido: “Eu também”. A partir daí viram-se sempre. O mundo foi pequeno para essa amizade. Juntos viajaram pelos países mais longínquos. Antes de morrer, Pablo foi visitá-los na Bahia. A amizade era para sempre, não acabaria nem com a morte. 


Fonte: O texto acima, com algumas modificações, foi extraído da Revista BRAVO! , edição número 82, quando o título ainda pertencia à Editora D’Ávila Ltda.
Foto: latinaspaginas.wordpress.com


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