sábado, 12 de janeiro de 2013

Acordo Ortográfico Controverso

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em vigor no Brasil a partir de janeiro de 2009, com período de transição até 31 de janeiro de 2012, foi prorrogado. A nova vigência obrigatória será em janeiro de 2016. Caso não seja adiada novamente,  claro.
Até lá, as regras serão usadas em documentos oficiais e meios de comunicação. A adaptação contempla escolas, editoras, vestibulares e concursos.
Em 2013, as revistas especializadas republicarão os assuntos nevrálgicos inerentes ao tema. Dentre eles,  um fato novo: qual o motivo do controverso adiamento ?
Os ministérios das Relações Exteriores, Cultura, Educação e Casa Civil são os artífices da prorrogação. Segundo eles, o Brasil não ficará isolado na implementação do Acordo. Subentende-se, então, que o governo não cogita modificações, apenas o adiamento por uma questão de alinhamento com Portugal. Este só adotou a nova ortografia em documentos oficiais em 2012, o Brasil em 2009.
No entanto, senadores e alguns setores da sociedade civil, o movimento Acordar Melhor é uma presença respeitada, defendem a revisão da lei ortográfica. Não basta somente adiá-la, mas revê-la. Esta é a inclinação da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado.
Numa possível revisão do Acordo, o custo das perdas e dos novos empreendimentos editoriais e didáticos serão enormes. A questão dos custos não pode ser tratada pelo princípio da insignificância. A conceituação não significa advogar a favor do atual conteúdo do Acordo.
Evanildo Bechara, gramático, um dos importantes idealizadores do Acordo, membro da Academia Brasileira de Letras e Coordenador da Comissão de Lexocologia e Lexicografia da instituição, prefere não dar voz aos que clamam por uma revisão. Entende que são poucos. Pergunto ao professor Evanildo Bechara:
- Senado e Sociedade Civil: representam quem ?
Fernando Jorge, conceituado escritor, historiador, biógrafo, crítico literário, dicionarista,  jornalista e crítico ferrenho de Evanildo Bechara,  elenca uma das inúmeras incongruências contidas no Acordo: a questão do acento diferencial  nas palavras homógrafas (com a mesma grafia), por exemplo. “Quanta complicação.”, diz ele. E acrescenta: “Vejamos agora a seguinte frase da manchete de um jornal: ‘Crise mundial para o comércio’. Esta frase, por causa da reforma ortográfica, é ambígua. A crise parou o comércio ou apenas o ameaça? “. Sacaram?
Oito países, um Acordo Ortográfico, gastos imensos e muita confusão. Apesar dos oito países signatários, o assunto já está virando um bicho de sete cabeças. Logo  estará com oito, nove...
 Acordo ou Desacordo?  Por favor, senhores, deixem-nos escrever com prazer.
(Augusto Aguiar)
Filiado à União Brasileira de Escritores - UBE






















Um comentário:

  1. As críticas em Portugal ao malfadado AO90 (um autêntico Aborto Pornortográfico) vão aumentando de tom. Recentemente, foi enviada ao Ministro da educação uma carta (http://pt.scribd.com/doc/119430003/Carta-a-Min-Educ-Nova) (ver notícia em: http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2013/01/10/cerca-de-200-personalidades-exigem-ao-governo-a-revogacao-do-desconchavado-acordo-ortografico-de-1990) com mais de 200 assinaturas pedindo a sua revogação. À boa maneira lusitana que deixa para o fim a resolução das coisas, há pessoas que vão acordando para os desconchavos desse instrumento (mal elaborado e cheios de erros e imprecisões) que é mais político que linguístico. O que separa as duas normas (a portuguesa e a brasileira) não se situa ao nível da ortografia mas sim da sinonímia e da sintaxe. Seria preferível deixar as coisas como estão (afinal, todos entendemos facto/fato; baptismo/batismo; acto/ato) e envidar esforços para uma uniformização da terminologia científica e estabelecer critérios para o futuro que apontem soluções conjuntas comuns entre todos os falantes da língua portuguesa. E por favor, acabem com esses argumentos antibrasil por parte de alguns portugueses e antiportugal por parte de alguns brasileiros. Respeitemos o modo particular de expressão de cada um destes povos e não queiramos nem impor o nosso jeito de falar nem nos deixemos levar, quais virgens pudicas, por complexos de colonizado ou colonizador.
    Jorge Pinheiro

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