Silvinho Sampaio |
Entre os colunistas sociais
já falecidos, o professor Waldemar de Mello, que assinava-se sob o pseudônimo
de Marquês de Sandoval, e Silvinho Sampaio deixaram suas marcas no jornalismo
social local. Com estilos diferentes, mas deixaram. Ambos desfilaram seus
talentos na Gazeta de Bebedouro, tradicional jornal local.
Em sua coluna, o Marquês de
Sandoval, um dos melhores textos que Bebedouro já teve, primava pelo tom
poético nas descrições das amenidades sociais. Utilizava-se de uma linguagem
caracterizada por uma leveza incomum. Não incluía temas políticos.
Ao contrário dele, Silvinho,
além das notícias a respeito daqueles que frequentam o barulho social – e sem
perder de vista uma linguagem criativa e uma estética adequada – trazia para
esse tipo de jornalismo opinativo, o colunismo social, notas sobre fatos
políticos (algumas ácidas).
Como
se vê, não seguia o critério de Walter Winchell, jornalista americano que, na
década de 1920, criou o colunismo social. Winchell implantou, nesse estilo
jornalístico, as “gossip columns” (colunas de fofocas).
A
exemplo da coluna social do Marquês de Sandoval, a do Silvinho Sampaio também
era concorridíssima. O primeiro, escrevia movido pelo prazer. O segundo, como a
maioria dos colunistas do gênero, tinha na coluna social um negócio. Era um
profissional do ramo, um publicitário. Tentava viver disso.
Colocou os pés em todos os
lugares glamorosos de Bebedouro, residências ou não, quer como convidado, quer
por iniciativa própria. Enfim, dispunha de um templo em que um incontável
número de interessados pedia para entrar: a sua Coluna Social.
Era comum alguns colunáveis,
com os quais Silvinho tinha intimidade, recepcioná-lo com um almoço ou jantar. Às
vésperas dessas ocasiões, ele brincava: “Sirvam-me caviar e vodca como entrada". E acrescentava: "Esses ingredientes estão no rol das minhas preferências para acompanhar a
refeição principal”. Muitos serviam.
As pessoas das rodas sociais
mais sofisticadas, foco de todo colunista social, proporcionavam visibilidade
a esse espaço privilegiado do jornal, a sua coluna social. Havia, também,
aquelas sem nenhum vínculo com os andares superiores da nossa sociedade, mas que, por
alguma razão, eram imprescindíveis para ele. Os dois tipos, de uma forma ou de
outra, alimentavam o supérfluo do leitor.
À parte do exercício de sua
atividade nesse suporte de texto, o jornal, ele tinha uma voz maravilhosa para
o rádio. Inclusive, exerceu a atividade de radialista.
Bebedouro possui grandes
nomes no rádio: Wanderley Ribeiro, locutor esportivo, sempre atuando nas
melhores emissoras de São Paulo; Paulo Beringhs, conceituado profissional da
dama das mídias, a TV (atua em Goiânia); Paulinho Boa Pessoa, entre outros. Ele
devia ter procurado algum deles no sentido de alavancar alguma oportunidade. Mas
creio que não fez nisso.
Talvez pensasse que, no
século 21, o rádio, como um meio de melhorar na vida, seria uma ilusão, mas não
é. Das 05h00 às 19h00, nenhuma outra modalidade de mídia o supera em audiência.
Nessa faixa horária, o rádio perde para a TV apenas em faturamento.
Quando saboreava caviar com
os colunáveis, ele sabia, a exemplo de poucos, que essa iguaria não se mastiga,
degusta-se. E com o seu jeito peculiar, degustou também a vida, apesar dos
muitos infernos astrais que vivenciou.
Fez uma fiel adesão à máxima
de que daqui não se leva nada. Adotando essa atitude, viveu de uma forma
desapegada. Para muitos, distraidamente desapegada.Morreu neste sábado, 18/03/17, dia do
descanso, algo que gostava de desfrutar. Foi embora pela manhã. Não quis
incomodar a sua musa, a noite.
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