domingo, 2 de julho de 2017

Cama , mesa e banho



“Obscena é a censura”


Salete trabalhava há alguns meses na casa de uma  família de classe média. O casal e um filho adolescente, de quinze anos. As famílias modernas são pequenas. 

O homem era dono de uma empresa, mas noutra cidade. Vinha para casa todos os finais de semana. A mulher, funcionária pública, almoçava no emprego. O filho chegava da escola ao meio dia e meia, almoçava sozinho.

Todos os dias, durante o almoço, o jovem prestava atenção em Salete. Nesse horário, enquanto ele almoçava, ela lavava as louças e alumínios. Pela localização da pia da cozinha, executava essa tarefa de costas para ele.

Aos quarenta anos, sem o trato de uma socialite, mas também sem nada implantado no corpo, silicone, por exemplo, ela era sensual, apesar de distanciar-se do fantasioso universo das mulheres que ele via na Playboy, nos calendários de parede, nos livrinhos de sacanagem e outras fontes de estímulos eróticos por aí afora.

Mesmo com um corpo sem retoques, os, vamos assim dizer, excitantes detalhes curvos de Salete deixavam o Tadeuzinho, esse era o nome do jovem desbussolado, sem qualquer norte para controlar sua libido em relação à empregada. Por sinal, uma libido desobediente, indisciplinada, insubordinada, mal comportada, entre outras infrações da psique.

Por mais de uma vez ao dia, acariciava-se com toques confidentes mentalizando cenas eróticas com a empregada.  Chegava a ter polução noturna, aquele orgasmo que acontece durante o sono. A matriz desse tipo de orgasmo: Salete. Tudo nela era sedução. 

Certa vez, após almoçar, dirigiu-se até o filtro de água que ficava em cima da pia. Sentiu-se muito próximo daquela mulher que mexia com seus hormônios. Foi-lhe o suficiente, nem deu tempo pra pensar em certo ou errado. Aliás, há tempos, quando o tema era Salete, em sua cabeça não havia mais separação entre imaginação e realidade. Uma sensação de intimidade fluiu com intensidade.  Enlaçou-a pelas costas. Ela experimentou uma sensação de estranhamento. Sentiu todo o corpo do rapaz abraçando-a por trás.

No trabalho, por achar mais confortável, usava saia de tecido fluído, cintura elástica, com o comprimento até a altura dos tornozelos. Tadeuzinho, pela facilidade que esse tipo de cintura oferece, abaixou a saia dela, apalpou-lhe o bumbum e sentiu as coxas macias, mas firmes.

Aconteceu, então, um diálogo veloz:
- Para, pode chegar gente. – dizia ela.
- É apenas essa sua preocupação?
Ela não respondeu.
- Eu fecho o portão com o cadeado. Diga pra mim – insistia - é só essa sua preocupação? Se quiser, vamos pro quarto. 
- Não vou fazer nada, nem vou a lugar nenhum. Largue-me.
Ela contorcia-se pra lá, pra cá, resmungava, tentava empurrá-lo. De repente, emite um grito sussurrado:
- Nãoooo.

Caso a cena fosse uma produção cinematográfica sobre uma tentativa de estupro, seria primorosa. Ali, para Salete, não acontecia nada de açucarado. O rapaz queria tocar-lhe os seios, o sexo, as nádegas e, por fim, gozar. O gozo já se prenunciava. Nenhum adolescente escapa da ejaculação precoce.

Ela continuava recusando, mas ele sabia que era adúltera, tinha um amante. Num final de semana, seus pais haviam comentado. E, por sinal, o pai advertiu-o para manter sigilo a respeito do assunto. 

Então, ainda engastalhado em Salete, desobedeceu as recomendações e disse a ela sobre o adultério.
- Quem falou isso? – perguntou quase chorando.
- Todo mundo fala. – ele respondeu.
E deu o nome do cara:
- É o Carvalho.
Ela manteve-se calada.

A escorregada conjugal criava um clima favorável para ele chantageá-la, insistir com suas audaciosas incursões. Era um intenso diálogo de palavras e toques. Estes últimos só da parte dele. O contato dela visava apenas afastá-lo. Àquela altura, o adolescente não entendia a razão de tanta recusa.

Para entender é preciso compreender. Ele mal sabia que qualquer ponto do corpo feminino que seja tocado e, de imediato, haja uma recusa, esta deverá ser respeitada. A experiência mostra que não se sabe o que acontece por ali naquele momento. Ingênuo, em função da idade, ignorava que não é sempre que a mulher está pronta para a transa. Seria algo assim que se passava com ela?

Por outro lado, a empregada adotava uma insistente proteção à região das mamas. Isso despertou a atenção do rapazinho.  Nelas estaria a zona erógena mais intensa? Caso positivo, pelos seios seria o melhor caminho para consumar suas intenções. Apesar de inexperiente, já lera e conversara bastante a respeito desses pontos especiais.

De repente, disse:
- Pode levantar a saia, vamos deixar disso. Desculpe-me.
Aliviada, inclinou-se para suspender a saia. O gesto foi fatal. Abaixou a guarda da região mamária e criou um facilitador para ele enfiar a mão entre uma das mamas e o bojo do sutiã. Mas não sentiu a deliciosa sensação de volume que o contato com as mamas, por menor que sejam, proporciona.

À frente do rosto dela, a mão do rapaz segurava guardanapos, uma fronha de travesseiro bem enrolada e uma toalhinha de lavabo que estavam escondidas no sutiã. Mesmo assim, ela não cedeu. Jamais faria sexo sem amor. Amava o Carvalho. Pegou seus pertences e foi embora.  Que se danasse o juízo moral que o rapaz fizesse a respeito do furto.

No dia seguinte, quando chegou da escola, o jovem encontrou um bilhete. Dizia assim: “Salete pediu as contas, compre uma marmitex. O dinheiro está na gaveta do armário. Beijocas. Mamãe”. Abatido, Tadeuzinho não almoçou.

Crédito da imagem: Google

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...