Eduardo e Marina iniciaram uma
relação de amizade através de uma Rede Social na Internet.
- Onde mora? – ele pergunta.
- Vacaria, Rio Grande do Sul.
- Estive numa cidade pertinho daí,
Monte Alegre dos Campos. Por sinal, muito pequena.
- Sim, é sim. Conheceu Vacaria?
- Não, não fui até aí.
- Ah, que pena. Você iria gostar.
- Se me convidar, irei.
- Ela ri: “Rs, rs, rs...”
- Sua região é fria,
temperatura muito baixa.
- De fato, aqui faz muito frio. - Ela
confirma.
- Está frio aí hoje?
- Demais. Estou com muito frio.
- Onde? – ele pergunta.
- Bobo.
- Qual é sua cidade? – ela quer
saber.
- Moro em Porto Alegre. Estamos
separados por 239 km, três horas e vinte minutos de viagem.
- Profissão?
- Advogado, mas não participo mais
das audiências. Conquistei minha independência financeira. Hoje, presto assessoria à
distância para algumas multinacionais. Faturo bem sem sair de casa.
- Casado?
- Viúvo.
- Há quanto tempo?
- Cinco anos.
- Filhos?
- Um homem e uma mulher. Ambos cursam
Medicina.
- Como você é? – pergunta.
- Divertido, sensível, romântico,
educado, paciente, confiante. Tenho estilos diversificados. Brotam de acordo
com a ocasião. Ah, sou mal comportado da cama pra dentro. Além disso,
encarno aquele tipo que gosta de namorar no banco da praça, comer pipoca,
ritualizar esses tipos de momentos.
- Hummmm. E fisicamente?
- Um tipo comum, 45 anos,
cabelos pretos, grisalhos nas têmporas laterais, olhos azuis, 1,86 altura.
- Nossa! Físico esculpido?
- Longe disso. Tenho um físico
normal. Prefiro ser confortável.
- Você é espirituoso, hem. – diz ela. E
sinaliza que está rindo.
- Qual seu estilo de vestir-se?
- Jeans, camiseta, tênis baixo.
Quando necessário, agrego um blazer. Opto pelo casual.
- Uau – ela digita.
- Eduardo, diga-me o estilo de roupa
que você gosta de ver uma mulher vestida?
- Espartilho acompanhado por uma calcinha de
curta permanência.
- Louco!!! – ela exclama.
- E você, como é, o que faz, estado
civil? – ele quer saber.
- 37 anos, minhas características
físicas – dizem os amigos – lembram a atriz Giovana Antonelli (vejo aí um ato
de bondade, de estímulo).
E continua:
- Solteira, administro duas fazendas que
meus pais me deixaram.
Por fim, diz:
- Fui freira durante onze anos, mas desisti. A certa altura, descobri que não era meu caminho.
Surpreso, ele provoca:
- Não imaginava que você fugiu do convento.
Ela sinaliza novamente que ri. Esclarece:
- Sua alma é leve, Eduardo. Gosto disso. Não fugi do convento. A solidão, o sistema hierárquico rígido e a perda de minha individualidade roíam minha liberdade. Além disso, não concordava com alguns conceitos ideológicos, entre outras coisas. A vida religiosa – jamais a religião católica - não foi uma fase muito esperta do meu jeito de ser. Desliguei-me formalmente de minha condição de freira.
Surpreso, ele provoca:
- Não imaginava que você fugiu do convento.
Ela sinaliza novamente que ri. Esclarece:
- Sua alma é leve, Eduardo. Gosto disso. Não fugi do convento. A solidão, o sistema hierárquico rígido e a perda de minha individualidade roíam minha liberdade. Além disso, não concordava com alguns conceitos ideológicos, entre outras coisas. A vida religiosa – jamais a religião católica - não foi uma fase muito esperta do meu jeito de ser. Desliguei-me formalmente de minha condição de freira.
Através da Internet, as redes sociais têm o poder de rearranjar a
solidão, a carência, os nós existenciais e os pesos psicanalíticos de milhões de pessoas. Um número incalculável delas casaram-se após contraírem relacionamento por esse meio digital.
Para algumas pessoas mais céticas,
Santo Antônio de Pádua, o santo casamenteiro, cumpriu seu ciclo. Está com baixa
audiência. A Internet não pode ser canonizada, mas assumiu o papel de Santo
Antônio. Para outras, dotadas de uma religiosidade fervorosa, o meio
digital é apenas um novo caminho através do qual o santo transita e produz
milagres com a costumeira intensidade de antes.
Eduardo e Marina casaram-se. No
altar, disse pra ela: "Você não é mais uma ideia, é minha
realidade". Apoiados em suas experiências de vida, formaram um
casal muito feliz. Algum
tempo depois, nasceu Mariana.
Certa ocasião, aos sete anos de idade, Mariana viajou, num feriado prolongado, com seus irmãos consanguíneos, o casal de filhos do primeiro casamento de Eduardo. Saíram às seis da manhã.
Pouco depois, sozinhos, Marina abre a janela para arejar um pouco o quarto, vai ao aposento contíguo, o close, trocar-se para dormir.
- Está muito frio. Posso fechar a
janela, Marina? – Ele, já deitado, pergunta.
Pode, Eduardo. Esquenta meu cantinho que
já vou.
De repente, surge vestida com uma
camisola preta comprida. Diante dele, está uma Deusa-Mulher, plena de
substâncias delirantes. Ela solta as alças da camisola, esta cai até os
tornozelos. Vestia um espartilho preto acompanhado de uma calcinha
transparente também preta e com ares de curta permanência.
Ele a olha com um afeto cheio de
apetites enquanto seus sentidos gritam.
Marina diz:
- Estou com muito frio, mas aqui. – E
mostra o local após passear com o dedo indicador pelo ventre, essa via sensual,
pelo monte de Vênus, púbis,
até chegar ao ponto final...
Que frio, que nada. O local que ela
indicava estava com a temperatura de uma estrela. Naquele instante, os líquidos
de todas suas transpirações ferviam. Em seguida, escaldaram Eduardo...
O sexo entre eles acontecia na dose
ideal. Mas, naquele dia, a manhã teve um
quê diferente, que a tarde tomou emprestado e a noite, soma das duas, tomou
posse.
Imagens: Google
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